Para a
sociologia o conceito de violência abrange todas as modalidades e momentos da
sociabilidade humana. Talvez a definição mais apropriada a considerar, entre
todas as concepções possíveis, das mais variadas teorias, dos diversos
pensadores e diferentes realidades culturais e históricas, seja a de que a
violência é, em síntese, uma imposição,
individual, de grupo ou institucional, para que se aja de determinada forma ou
deixe de agir. Sob este enfoque, ninguém estaria livre de sofrer algum tipo de
violência. Porém pertencer à classe menos favorecida, política e economicamente,
a chance de ser vítima da violência, em qualquer modalidade, é total.
Definição de violência
O que é violência? Segundo o
Dicionário Houaiss, violência é a “ação ou efeito de violentar, de empregar
força física (contra alguém ou algo) ou intimidação moral contra (alguém); ato
violento, crueldade, força”. No aspecto jurídico, o mesmo dicionário define o
termo como o “constrangimento físico ou moral exercido sobre alguém, para
obrigá-lo a submeter-se à vontade de outrem; coação”.
Não é simples a tarefa de
definir a violência. Conceitos de violências têm sido propostos para falar de
muitas práticas, hábitos e disciplinas, de tal modo que todo comportamento
social poderia ser visto como violento, inclusive o baseado nas práticas
educativas, tais como na idéia de violência simbólica proposta por Pierre
Bourdieu (2001). Para esse autor, a violência simbólica se realiza sem que seja
percebida como violência, inclusive por quem é por ela vitimizada, pois se
insere em tramas de relações de poder naturalizadas, o que ele chama de Habitus, que são disposições duráveis,
estruturadas e estruturantes, que contribuem para a manutenção da forma
estrutural da sociedade, que caracteriza-se pela atuação das classes, grupos ou nações
dominantes, política e economicamente, os quais, para manter a hegemonia, utilizam-se
de leis e instituições. Esta seria a chamada violência moral ou
violência simbólica. Mas a noção de
violência é múltipla, não existe uma única percepção do que seja, mas
variedades de atos violentos, cujas significações devem ser analisadas a partir
das normas, das condições e dos contextos sociais, variando de um período
histórico a outro, o fato é que, a violência é um eterno problema da teoria
social e da prática política, quando se
revela na sua manifestação individual ou coletiva. Para Minayo (1994), as
raízes da violência seria a estrutura e
o sistema social, impostas pela atuação
das classes, grupos ou nações econômica e politicamente dominantes, os quais se valem das leis e instituições para manter a
hegemonia. Para esse autor,
...a violência estrutural refere-se às
condições extremamente adversas de vida, que geram uma imensa uma
população de pessoas vivendo na miséria, com fome, habitação precária ou até
mesmo inexistente, educação deficiente, dificuldade de acesso ao mercado de
trabalho. (...) aprofundou-se, na última década, a desigualdade social, o
gigantesco fosso que separam ricos e
pobres. Como o Brasil é um dos campeões mundiais de má distribuição de renda,
derivam daí fontes importantes de violência, que se manifestam no aumento do
trabalho infantil, (que impede um
grande número de crianças e adolescentes de freqüentarem a escola), a
prostituição de meninos e meninas e o aumento de população de rua.
Seria desnecessário
dizer que daí partiria as demais violências de custo social altíssimo, as
quais, num efeito cascata, atingirão a sociedade como um todo: a violência da
miséria imposta por uma relação social excludente terá como efeito a violência
doméstica, a violência física, que fere, que ma”ta, que aterroriza; violência
criminógena, delinqüente, que causam um sentimento crescente de medo e insegurança, como descreve Adorno: (2002)
“..Trata-se de um
sentimento visível de diversos modos: nas ruas as pessoas se protegem, andam
com seus veículos particulares com os vidros fechados;aqueles que não dispõem
de veículo próprio procuram evitar circular em áreas consideradas de risco,
sair à noite, ter contato com pessoas estranhas. As casas passaram a ter
inúmeros sistemas de segurança – enfim, as pessoas se protegem de diferentes
modos. E basta olhar os jornais, ligar a televisão para que cheguemos a
conclusão de que hoje a violência ao é mais m fato episódico, não é mais um acontecimento
que poderia ocorrer vez ou outra. Ela
transformou-se numa situação banal;
temos até profissionais altamente qualificados, repórteres especializados, por
exemplo, para detectar essas informações relacionadas com a violência e
transmiti-las ao grande público.
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