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domingo, 2 de outubro de 2011

A globalização e a diversidade cultural


por Paula Villela,
jornalista


Nos últimos anos, o assunto globalização já foi discutido e analisado sob vários ângulos. É inegável então, que não seja apenas um fenômeno econômico, vindo a abranger também a cultura e a política. Essa última tem sua dimensão refletida no estabelecimento de instituições como a Organização Mundial de Comércio. Mas como vem sendo refletida a diversidade cultural no Brasil e no mundo?
Os perigos da cultura ser considerada como produto
Segundo faz questão de lembrar o presidente do Programa Sociedade da Informação do Brasil, Tadao Takahashi, no texto “Diversidade Cultural e Direito à Comunicação”, “o primeiro item de pauta de exportações dos EUA atualmente não é manufaturados, mas de cultura e entretenimento”. Esse fator é positivo para a economia e, ao mesmo tempo, representa uma grande preocupação para as sociedades futuras e as culturas não-centrais. Afinal, a expansão da globalização se deve, principalmente, aos recursos oferecidos pelas tecnologias de informação, em especial à Internet que é produzida e pensada, de forma industrial e massiva, por países considerados potencias, que acabam impondo a sua cultura.
O principal fator que reflete isso é a língua. De acordo com os estudos de Takahashi, uma língua deixa de existir a cada duas semanas e a estimativa é de que 90% das línguas existentes tenham desaparecido ao longo do século XXI. Pode-se comparar, então, a diversidade cultural com a diversidade biológica: as duas correm risco de extinção. Porém, assim como o desenvolvimento sustentável - ou seja, a geração atual, tomando cuidado com o consumo e produção de forma a não comprometer a vida das gerações futuras - é uma alternativa para o cuidado com a diversidade biológica, paradoxalmente, as tecnologias de informação também podem colaborar na comunicação e na conseqüente preservação de culturais regionais, locais.
Como as tecnologias de comunicação podem colaborar
Segundo Takahashi, “o ato da comunicação está no cerne da globalização e da sustentação da diversidade cultural. É na comunicação que o indivíduo expressa sua identidade, opiniões e intenções, e as confronta com outros indivíduos oriundos de contexto culturais distintos”. É através dela também que a própria cultura é disseminada e aprendida, tornando as tecnologias de informação - que ampliam esses contatos - ferramentas indispensáveis na educação de pessoas que não possuíram acesso a dados culturais de seu país.
Porém, essa não é uma tarefa simples, já que grande parte da população foi alfabetizada. “Para exercer o direito a livre-expressão, em princípio o único requisito é dominar a língua que os (potenciais) destinatários da comunicação compreendem”, constatou Takahashi. Seja essa língua falada, escrita ou de costumes - como é o caso da linguagem informática.
Foi pensando em garantir essa capacitação, além de articular iniciativas que abranjam os três espaços lingüísticos e os países envolvidos, que foi criada a Cúpula Mundial da Sociedade de Informação (CMSI). De acordo com Tadao, a WSIS tem como iniciativas a “promoção de instrumento internacional de proteção à diversidade cultural”, permitindo o governo a implementar políticas culturais próprias, porém integradas às políticas internacionais; “o registro digital das línguas ameaçadas de extinção”; e o desenvolvimento de ferramentas e técnicas para a tradução automática de textos e programas, e a criação de interfaces facilitadoras.
Providências tomadas no Brasil e no mundo
E é baseado no primeiro item que algumas providências ao redor do mundo têm sido tomadas, visando a preservação da cultura local. Entretanto, muitos projetos ainda esbarram em interesses econômicos e políticos, que impedem o seu desenrolar. No Brasil, esse é o caso em que se encontra a Lei da Câmara 59/03, de autoria da deputada Jandira Feghali, que regulamenta o artigo 221 da Constituição Federal. Há 13 anos tramitando no Congresso, o projeto sobre a regionalização da programação cultural, artística e jornalística de rádio e televisão, continua em discussão, sem que se conseguisse um consenso.
Enquanto algumas entidades e a sociedade civil pedem para que seja revista a programação massiva da mídia eletrônica brasileira, as empresas de Comunicação alegam ser esse um processo extremamente dispendioso. Além disso, o projeto que propõe produção local para 30% da programação do horário de 7h a 23h é generalista e não leva em consideração a diferenciação no porte das empresas de radiodifusão existentes no país.
Para Takahashi, não bastam apenas declarações e planos de ações para a preservação da diversidade cultural, pois “ <<a vida real>> pode caminhar mais rápido e gerar resultados questionáveis irreversíveis”. É preciso então, antes de tudo, conscientização e pressa, para que a humanidade faça da globalização um instrumento de congregação de culturas e não a segregação da mesma.

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