A análise dos movimentos sociais no Brasil revelam forte
enfoque teórico oriundo do marxismo,
sejam eles vinculados ao espaço urbano e/ou rural. Tais movimentos, quando se
referiam ao espaço urbano possuíam um leque amplo de temáticas como por exemplo,
as lutas por creches, por escola pública, por moradia, transporte, saúde,
saneamento básico etc. Quanto ao espaço rural, a diversidade de temáticas
expressou-se nos movimentos de bóias-frias (das regiões cafeeiras, citricultoras
e canavieiras, principalmente), de posseiros, sem-terra, arrendatários e
pequenos proprietários.
Cada um dos movimentos possuía uma reivindicação
específica, no entanto, todos expressavam as contradições econômicas e sociais
presentes na sociedade brasileira.
No início do século XX, era muito mais comum a existência
de movimentos ligados ao rural, assim como movimentos que lutavam pela conquista
do poder político. Em meados de 1950, os movimentos nos espaços rural e urbano
adquiriram visibilidade através da realização de manifestações em espaços
públicos (rodovias, praças, etc.). Os movimentos populares urbanos foram
impulsionados pelas Sociedades Amigos de Bairro - SABs - e pelas Comunidades
Eclesiais de Base - CEBs. Nos anos 1960 e 1970, mesmo diante de forte repressão
policial, os movimentos não se calaram. Havia reivindicações por educação,
moradia e pelo voto direto. Em 1980 destacaram-se as manifestações sociais
conhecidas como "Diretas Já".
Em 1990, o MST e as ONGs tiveram destaque, ao lado de
outros sujeitos coletivos, tais como os movimentos sindicais de professores.
Concomitante às ações coletivas que tocam nos problemas
existentes no planeta (violência, por exemplo), há a presença de ações coletivas
que denunciam a concentração de terra, ao mesmo tempo que apontam propostas para
a geração de empregos no campo, a exemplo do Movimento dos Trabalhadores Sem
Terra (MST); ações coletivas que denunciam o arrocho salarial (greve de
professores e de operários de indústrias automobilísticas); ações coletivas que
denunciam a depredação ambiental e a poluição dos rios e oceanos (lixo
doméstico, acidentes com navios petroleiros, lixo industrial); ações coletivas
que têm espaço urbano como locus para a visibilidade da denúncia, reivindicação
ou proposição de alternativas.
As passeatas, manifestações em praça pública, difusão de
mensagens via internet, ocupação de prédios públicos, greves, marchas entre
outros, são características da ação de um movimento social. A ação em praça
pública é o que dá visibilidade ao movimento social, principalmente quando este
é focalizado pela mídia em geral.
Os movimentos sociais são sinais de maturidade social que podem
provocar impactos conjunturais e estruturais, em maior ou menor grau, dependendo
de sua organização e das relações de forças estabelecidas com o Estado e com os
demais atores coletivos de uma sociedade.
Movimento dos
Trabalhadores Rurais Sem Terra - MST
O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, também
conhecido pela sigla MST, é um movimento social brasileiro de inspiração
marxista cujo objetivo é a implantação da reforma agrária no Brasil. Teve origem
na aglutinação de movimentos que faziam oposição ou estavam desgostosos com o
modelo de reforma agrária imposto pelo regime militar, principalmente na década
de 1970, o qual priorizava a colonização de terras devolutas em regiões remotas,
com objetivo de exportação de excedentes populacionais e integração estratégica.
Contrariamente a este modelo, o MST declara buscar a redistribuição das terras
improdutivas.
Apesar dos movimentos organizados de massa pela reforma
agrária no Brasil remontarem apenas às ligas camponesas, associações de
agricultores que existiam durante as décadas de 1950 e 1960, o MST proclama-se
como herdeiro ideológico de todos os movimentos de base social camponesa
ocorridos desde que os portugueses entraram no Brasil, quando a terra foi
dividida em sesmarias por favor real, de acordo com o direito feudal português,
fato este que excluiu em princípio grande parte da população do acesso direto à
terra.
Uma das atividades do grupo consiste na ocupação de terras
improdutivas como forma de pressão pela reforma agrária, mas também há
reivindicação quanto a empréstimos e ajuda para que realmente possam produzir
nessas terras. Para o MST, é muito importante que as famílias possam ter escolas
próximas ao assentamento, de maneira que as crianças não precisem ir à cidade e,
desta forma, fixar as famílias no campo.
A organização não tem registro legal por ser um movimento social e,
portanto, não é obrigada a prestar contas a nenhum órgão de governo, como
qualquer movimento social ou associação de moradores.
O movimento recebe apoio de organizações não governamentais
e religiosas, do país e do exterior, interessadas em estimular a reforma agrária
e a distribuição de renda em países em desenvolvimento. Sua
principal fonte de financiamento é a própria base de camponeses já assentados,
que contribuem para a continuidade do movimento.
Dados coletados em diversas pesquisas demonstram que os
agricultores organizados pelo movimento têm conseguido usufruir de melhor
qualidade de vida que os agricultores não organizados.
O MST reivindica representar uma continuidade na luta
histórica dos camponeses brasileiros pela reforma agrária. Os atuais governantes
do Brasil tem origens comuns nas lutas sindicais e populares, e portanto
compartilham em maior ou menor grau das reivindicações históricas deste
movimento. Segundo outros autores, o MST é um movimento legítimo que usa a única
arma que dispõe para pressionar a sociedade para a questão da reforma agrária, a
ocupação de terras e a mobilização de grande massa humana.
Movimento dos Trabalhadores Sem Teto - MTST
O Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) surgiu em 1997
da necessidade de organizar a reforma urbana e garantir moradia e a todos os
cidadãos. Está organizado nos municípios do Rio de Janeiro, Campinas e São
Paulo. É um movimento de caráter social, político e sindical. Em 1997, o MST fez
uma avaliação interna em que reconheceu que seria necessária uma atuação na
cidade além de sua atuação no campo. Dessa constatação, duas opções de luta se
abriram: trabalho e moradia.
Estão em quase todas as metrópoles do País. São
desdobramentos urbanos do MST, com um comando descentralizado. As formas de
atuação variam de um movimento para outro. Em geral, as ocupações não têm
motivação política, apenas apoio informal de filiados a partidos de esquerda. O
objetivo das ocupações é pressionar o poder público a criar programas de moradia
e dar à população de baixa renda acesso a financiamentos para a compra de
imóveis.
Atualmente, o MTST é autônomo em relação ao MST, mas tem
uma aliança estratégica com esse.
Fórum Social Mundial - FSM
O Fórum Social Mundial (FSM) é um evento
altermundialista organizado por movimentos sociais de diversos continentes, com
objetivo de elaborar alternativas para uma transformação social global. Seu
slogan é Um outro mundo é possível.
É um espaço internacional para a reflexão e organização de todos os
que se contrapõem à globalização neoliberal e estão construindo alternativas
para favorecer o desenvolvimento humano e buscar a superação da dominação dos
mercados em cada país e nas relações internacionais.
A luta por um
mundo sem excluídos, uma das bandeiras do I Fórum Social Mundial, tem suas
raízes fixadas na resistência histórica dos povos contra todo o gênero de
opressão em todos os tempos, resistência que culmina em nossos dias com o
movimento irmanando milhões de cidadãos e não-cidadãos do mundo inteiro contra
as conseqüências da mundialização do capital, patrocinada por organismos
multilaterais como o Fundo Monetário Internacional (FMI), o Banco Mundial (BM) e
a Organização Mundial do Comércio (OMC), entre outros.
O Fórum Social Mundial (FSM) se reuniu pela primeira vez na
cidade de Porto Alegre, estado do Rio Grande do Sul, Brasil, entre 25 e 30 de
janeiro de 2001, com o objetivo de se contrapor ao Fórum Econômico Mundial de
Davos. Esse Fórum Econômico tem cumprido, desde 1971, papel estratégico na
formulação do pensamento dos que promovem e defendem as políticas neoliberais em
todo mundo. Sua base organizacional é uma fundação suíça que funciona como
consultora da ONU e é financiada por mais de 1.000 empresas
multinacionais.
Movimento Hippie
Os "hippies" (no singular, hippie) eram parte do que se
convencionou chamar movimento de contracultura dos anos 60 tendo relativa queda
de popularidade nos anos 70 nos EUA, embora o movimento tenha tido muita força
em países como o Brasil somente na década de 70. Uma das frases ideomáticas
associada a este movimento foi a célebre máxima "Paz e Amor" (em inglês "Peace
and Love") que precedeu á expressão "Ban the Bomb" , a qual criticava o uso de
armas nucleares.
As questões ambientais, a prática de nudismo, e a
emancipação sexual eram idéias respeitadas recorrentemente por estas
comunidades.
Adotavam um modo de vida comunitário, tendendo a uma
espécie de socialismo-anarquista ou estilo de vida nômade e à vida em comunhão
com a natureza, negavam o nacionalismo e a Guerra do Vietnã, bem como todas as
guerras, abraçavam aspectos de religiões como o budismo, hinduismo, e/ou as
religiões das culturas nativas norte-americanas e estavam em desacordo com
valores tradicionais da classe média americana e das economias capitalistas e
totalitárias. Eles enxergavam o patriarcalismo, o militarismo, o poder
governamental, as corporações industriais, a massificação, o capitalismo, o
autoritarismo e os valores sociais tradicionais como parte de uma "instituição"
única, e que não tinha legitimidade.
Nos anos 60, muitos jovens passaram a contestar a sociedade
e a pôr em causa os valores tradicionais e o poder militar e econômico. Esses
movimentos de contestação iniciaram-se nos EUA, impulsionados por músicos e
artistas em geral.
Os hippies defendiam o amor livre e a não-violência. Como grupo, os
hippies tendem a viver em comunidades coletivistas ou de forma nômade, vivendo e
produzindo independentemente dos mercados formais, usam cabelos e barbas mais
compridos do que era considerado "elegante" na época do seu surgimento. Muita
gente não associada à contracultura considerava os cabelos compridos uma ofensa,
em parte por causa da atitude iconoclasta dos hippies, às vezes por acharem
"anti-higiênicos" ou os considerarem "coisa de mulher".
Foi quando a peça musical Hair saiu do circuito
chamado off-Broadway para um grande teatro da Broadway em 1968, que a
contracultura hippie já estava se diversificando e saindo dos centros urbanos
tradicionais.
Os Hippies não pararam de fazer protestos contra a Guerra do Vietnã,
cujo propósito era acabar com a guerra. A massa dos hippies eram soldados que
voltaram depois de ter contato com os Indianos e a cultura oriental que, a
partir desse contato, se inspiraram na religião e no jeito de viver para
protestarem. Seu principal símbolo era o Mandala (Figura circular com 3
intervalos iguais).
Movimento Feminista
O Feminismo é um discurso intelectual, filosófico e político que tem como meta
os direitos iguais e a proteção legal às mulheres. Envolve diversos movimentos,
teorias e filosofias, todas preocupadas com as questões relacionadas às
diferenças entre os gêneros, e advogam a igualdade para homens e mulheres e a
campanha pelos direitos das mulheres e seus interesses. De acordo com Maggie
Humm e Rebecca Walker, a história do feminismo pode ser dividida em três
"ondas". A primeira teria ocorrido no século XIX e início do século XX, a
segunda nas décadas de 1960 e 1970, e a terceira teria ido da década de 1990 até
a atualidade. A teoria feminista surgiu destes movimentos femininos, e se
manifesta em diversas disciplinas como a geografia feminista, a história
feminista e a crítica literária feminista.
O feminismo alterou principalmente as perspectivas
predominantes em diversas áreas da sociedade ocidental, que vão da cultura ao
direito. As ativistas femininas fizeram campanhas pelos direitos legais das
mulheres (direitos de contrato, direitos de propriedade, direitos ao voto), pelo
direito da mulher à sua autonomia e à integridade de seu corpo, pelos direitos
ao aborto e pelos direitos reprodutivos (incluindo o acesso à contracepção e a
cuidados pré-natais de qualidade), pela proteção de mulheres e garotas contra a
violência doméstica, o assédio sexual e o estupro, pelos direitos trabalhistas,
incluindo a licença-maternidade e salários iguais, e todas as outras formas de
discriminação.
Durante a maior parte de sua história, a maior parte dos
movimentos e teorias feministas tiveram líderes que eram principalmente mulheres
brancas de classe média, da Europa Ocidental e da América do Norte. No entanto,
desde pelo menos o discurso Sojourner Truth, feito em 1851 às feministas
dos Estados Unidos, mulheres de outras raças propuseram formas alternativas de
feminismo. Esta tendência foi acelerada na década de 1960, com o movimento pelos
direitos civis que surgiu nos Estados Unidos, e o colapso do colonialismo
europeu na África, no Caribe e em partes da América Latina e do Sudeste
Asiático. Desde então as mulheres nas antigas colônias europeias e no Terceiro
Mundo propuseram feminismos "pós-coloniais" - nas quais algumas postulantes,
como Chandra Talpade Mohanty, criticam o feminismo tradicional ocidental como
sendo etnocêntrico. Feministas negras, como Angela Davis e Alice Walker,
compartilham este ponto de vista.
Desde a década de 1980, as feministas standpoint
argumentaram que o feminismo deveria examinar como a experiência da mulher com a
desigualdade se relaciona ao racismo, à homofobia, ao classismo e à colonização.
No fim da década e início da década seguinte as feministas ditas pós-modernas
argumentaram que os papeis sociais dos gêneros seriam construídos socialmente, e
que seria impossível generalizar as experiências das mulheres por todas as suas
culturas e histórias.
Movimento Estudantil
O movimento estudantil, embora não seja considerado um
movimento popular, dada a origem dos sujeitos envolvidos, que, nos primórdios
desse movimento, pertenciam, em sua maioria, a chamada classe pequeno burguesa,
é um movimento de caráter social e de massa. É a expressão política das tensões
que permeiam o sistema dependente como um todo e não apenas a expressão
ideológica de uma classe ou visão de mundo. Em 1967, no Brasil, sob a conjuntura
da ditadura militar, esse movimento inicia um processo de reorganização, como a
única força não institucionalizada de oposição política. A história mostra como
esse movimento constitui força auxiliar do processo de transformação social ao
polarizar as tensões que se desencadearam no núcleo do sistema dependente. O
movimento estudantil é o produto social e a expressão política das tensões
latentes e difusas na sociedade. Sua ação histórica e sociológica tem sido a de
absorver e radicalizar tais tensões. Sua grande capacidade de organização e
arregimentação foi capaz de colocar cem mil pessoas na rua, quando da passeata
dos cem mil, em 1968. Ademais, a histórica resistência da União Nacional dos
Estudantes (UNE), como entidade representativa dos estudantes, é
exemplar.
O movimento estudantil é um movimento social da área da
educação, no qual os sujeitos são os próprios estudantes. Caracteriza-se por ser
um movimento policlassista e constantemente renovado - já que o corpo discente
se renova periodicamente nas instituições de ensino.
Podem-se encontrar traços de movimentos estudantis pelo
menos desde o século XV, quando, na Universidade de Paris, uma das mais antigas
universidades da Europa, registraram-se vários movimentos grevistas importantes.
A universidade esteve em greve durante três meses, em 1443, e por seis meses,
entre setembro de 1444 e março de 1445, em defesa de suas isenções fiscais. Em
1446, quando Carlos VII submeteu a universidade à jurisdição do Parlamento de
Paris, eclodiram revoltas estudantis - das quais participou, entre outros, o
poeta François Villon - contra a supressão da autonomia universitária em matéria
penal e a submissão da universidade ao Parlamento. Freqüentemente, estudantes
eram detidos pelo preboste do rei e, nesses casos, o reitor dirigia-se ao
Châtelet, sede do prebostado, para pedir que o estudante fosse julgado pelas
instâncias da universidade. Se o preboste do rei indeferia o pedido, a
universidade entrava em greve.
Em 1453, um estudante, Raymond de Mauregart, foi morto pelas forças
do Châtelet e a universidade entrou novamente em greve por vários
meses.
Contemporaneamente, destacam-se os movimentos estudantis da
década de 1960, dentre os quais os de maio de 1968), na França. No mesmo ano,
também se registraram movimentos em vários outros países da Europa Ocidental,
nos Estados Unidos e na América Latina. No Brasil, o movimento teve papel
importante na luta contra o regime militar que se instalou no país a partir de
1964.
fontes:
1)
Souza, Maria Antônia. Movimentos sociais no Brasil contemporâneo: participação e
possibilidades no contexto das práticas democráticas. Dissertação de Mestrado
em Educação.
Universidade Tuiuti de Curitiba, PR.
2)
Wikipédia, a enciclopédia livre.
3)
http://www.cce.udesc.br/cab/oqueeomovimentoestudantil.htm
Retirado de: http://www.geomundo.com.br/