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Este blog foi criado para melhor interação com meus alunos do Ensino Médio, facilitando a comunicação, troca de infromações e conteúdos. Espero que seja útil a todos que se interessam pelos temas abordados.

domingo, 16 de outubro de 2016

FILOSOFIA: Os diversos tipos de conhecimentos



 Conhecer é elaborar um modelo de realidade (criar, aperfeiçoar, etc.), passar a entender aquilo que gostaríamos de saber e "projetar ordem onde havia caos".  

Conhecer e pensar: Nós os humanos nos diferenciamos dos animais porque temos inteligência simbólica (ou abstrata). É através dela que o múltiplo ganha uma unicidade, a diversidade recebe certa harmonia e o vazio é preenchido por um sentido, sendo o principal deles o sentido existencial, a razão de ser da vida, o motivo pelo qual nós pensamos. A partir da abstração, passamos à prática, a materialização do que imaginamos.
 
Os diversos tipos de conhecimentos: Ao longo da vida, nos deparamos com esses conhecimentos. São eles:
a) O Senso Comum: é o conhecimento usado sem a necessidade de escola, curso ou universidade, sendo obtido através de experiências práticas. Engloba costumes, hábitos, tradições, normas, éticas, etc. sua importância está na praticidade, por isso é chamado também de conhecimento empírico, vulgar ou senso comum. Não é um saber descartado pela ciência. ex: o conhecimento que um pescador tem sobre os melhores dias para pescar ou a sua localização no mar sem uso de nenhum instrumento; o conhecimento que um caboclo da Amazônia tem sobre plantas, o qual é aproveitado pela ciência.
Seu lado negativo está em não ser crítico (é acrítico): aceita o que aprendeu como verdade. Não questiona nem duvida. Dessa maneira, incorpora atitudes e comportamentos intolerantes tais como o racismo, o bullying, a homofobia, o machismo, etc. obs: nem todos os que usam o senso comum são assim, isto é uma visão generalizada.
b) O conhecimento mítico: é baseado na crença de que existem modelos naturais e sobrenaturais dos quais brota o sentido de tudo o que existe. Ele ajudou e ajuda o ser humano a tentar entender um mundo onde não havia ciência para tentar explicar os assustadores fenômenos da natureza. Este conhecimento criou representações para dar um sentido a tudo, onde seres fantásticos foram os responsáveis pela razão da nossa existência. Esse conhecimento não segue uma lógica ou uma sistematização. Outro tipo de mito é o de figuras famosas da história, do bem ou do mal, dependendo da opinião individual, a quem atribui-se poderes ou dons especiais. Ex: Getúlio Vargas, Tiradentes, Hitler, Stálin, Mao Tse Tung, etc.
C) Conhecimento teológico: Diferente do mítico, o conhecimento teológico parte da compreensão e da aceitação da existência de um Deus ou de deuses, os quais constituem a razão de ser de todas as coisas. Esses seres "revelam-se" aos humanos, dando-lhes as suas verdades, as quais devem ser indiscutíveis, inquestionáveis. Se assim são, a razão é usada para compreender e divulgar esses dogmas. Esse conhecimento também serve de guia e consolo para milhões de pessoas atribuladas pelos mais diversos tipos de problemas, tais como dependência de drogas e demais vícios, doenças, miséria, desespero, desilusão da vida, etc.
d) Conhecimento filosófico: É um conhecimento baseado na especulação em torno da realidade, tendo como objetivo a busca da verdade. Por isso, diz-se que é uma atitude. Deve procurar ir à raiz das coisas, seguindo o rigor lógico que a razão exige de um conhecimento que se quer buscando a verdade. A filosofia deve buscar os "porquês" de tudo o que existe. É ativo, pois coloca o humano em busca de respostas para as inúmeras perguntas que ele próprio pode formular.
e) Conhecimento científico: É racional e produzido mediante a investigação da realidade, seja por meio de experimentos seja por meio da busca do entendimento lógico de fatos, fenômenos, relações, coisas, seres e acontecimentos que ocorrem na realidade cósmica, humana e natural.
É um conhecimento sistemático e metódico, usando a experimentação, validação e comprovação daquilo a que se quer comprovar. Seu ponto negativo é não poder afirmar como verdade muita coisa do que pesquisou com esse intuito, pois uma nova pesquisa pode reprovar ou alterar a anterior. O maior exemplo está na área da medicina, onde determinada medicação ou cirurgia, que até certo tempo atrás eram tidas como as melhores, hoje já não são mais devido ao avanço das pesquisas. Esse conhecimento também dá ao homem a possibilidade de elaborar instrumentos, os quais são utilizados para intervir na realidade e transformá-la para melhor ou para pior. Ex: bomba atômica e armas cada vez mais letais.
f) Conhecimento técnico: Seu fundamento é o saber fazer da melhor forma possível; almeja o domínio do mundo e da natureza. É especializado na aplicação de todos os outros saberes que lhe podem ser úteis. É o saber que nos auxilia a agir no mundo, levando-nos às mais diversas atividades visando à produção técnica da vida. É considerado por muitos como o conhecimento mais importante para o ser humano. Ex: os médicos, engenheiros, advogados, etc., usam esse conhecimento, ou seja, conhecimento técnico não significa um saber mediano ou de quem tem apenas o ensino médio técnico.
g) O conhecimento estético ou artístico: valorizam os sentimentos e a emoção, ou seja, busca a beleza em todos os seus sentidos, seja na aparência, na moda, música, beleza dos objetos, etc. através da busca deste saber, podemos refinar nosso gosto através das questões jamais resolvidas entre belo ou feio, brega ou chique, bom gosto ou mau gosto, bem vestido ou mal vestido, discreto ou ridículo, etc. Experimentar ou aprender sobre este conhecimento é  a finalidade maior de tudo aquilo que se produz em termos de artes e sem as quais o ser humano se menos enriquecido culturalmente.
 
EXERCÍCIOS:
1) Classifique as ações abaixo: senso comum (use letra a) ou científico (use letra b):
(   ) o uso de chás e remédios caseiros.
(   ) A produção da vacina de prevenção ao vírus H1N1.
(   ) A descoberta da ação das bactérias nos organismos dos animais.
(   ) A crença da força da Lua influenciando o crescimento dos cabelos.
Assinale a alternativa que traz a relação correta:
a) a, b, b, a                        
b) a, a ,b ,b                        
c) a, b, b, b
d) b, a, b, a                        
e) a, b, a, a

2) Leia os tipos de conhecimentos descritos abaixo e no final assinale a alternativa correta:
I) Conhecimento que se apoia em doutrinas que contêm proposições sagradas, por terem sido reveladas pelo sobrenatural. Parte do princípio de que as verdades tratadas são infalíveis e indiscutíveis.”
II) “Conhecimento transmitido de geração em geração por meio da educação informal e baseado na imitação e na experiência pessoal.”
III) “Conhecimento que procura responder às grandes indagações do espírito humano,buscando até leis mais universais que englobem e harmonizem as conclusões da ciência.”
IV) “Conhecimento obtido de modo racional, conduzido por meio de procedimentos científicos. Visa explicar "por que" e "como" os fenômenos ocorrem.”

A alternativa que corresponde aos tipos de conhecimentos descritos de cima para baixo é:
a) teológico, vulgar, filosófico, científico             
b) teológico, mítico, filosófico,  científico            
c) mítico, vulgar, estético, técnico
d) mítico, teológico, filosófico, científico             
e) teológico, técnico, estético,  científico

3) “Não me sinto obrigado a acreditar que o mesmo Deus que nos dotou de sentidos, de razão e de intelecto possa desejar que deixemos de usá-los” (Galileu Galilei)
A respeito deste pensamento de um dos maiores nomes da ciência, assinale a alternativa correta:
a) Galileu só admitia como verdade o conhecimento científico
b) Galileu não admitia o conhecimento teológico
c) Galileu só admitia o senso comum ou (empírico)
d) Galileu só admitia o conhecimento técnico
e) todas estão incorretas

4) Baseando-se no texto lido, assinale V (verdadeiro) ou F (falso).
a) (    ) O conhecimento é a forma teórico-prática de compreender a realidade.
b) (    ) O conhecimento científico não descarta o uso do senso comum.
c) (    ) O senso comum usa o questionamento e a dúvida.
d) (    ) A ciência pode ser definida como uma forma de investigação metódica e organizada.
e) (    ) A ciência refere-se a investigação racional ou estudo da natureza, direcionada a descoberta da verdade.
Assinale a resposta correta:
a – V V F V V                     
b – V F F V V     
c – V V V F V
d – V F V F V                     
e – V V V V V

5) O mito descreve a maravilha do universo com relatos simbólicos. É incorreto dizer que
a) os mitos nascem em um universo sagrado e encantado.
b) a função do mito é explicar de forma coerente a origem da vida, dos deuses e do universo.
c) a função do mito é acomodar o homem em um mundo assustador.
d) a narrativa mítica é simbólica e necessita ser interpretada.

segunda-feira, 10 de outubro de 2016

A CIÊNCIA NA IDADE MODERNA


 
A filosofia da ciência é o estudo da metodologia científica. Trata-se de investigar o que caracteriza a atividade científica, em que a ciência se separa do senso comum e da filosofia e quais hipóteses justificam e explicam o conhecimento científico.

O termo ciência origina-se da palavra latina scientia, significando conhecimento. Ciência é o saber da razão, o saber metódico e certo dos fatos e fenômenos que ocorrem no mundo.

 

CIÊNCIA ANTIGA – era uma ciência teorética, a técnica era um saber empírico, ligada as práticas necessárias à vida e nada tinha a oferecer à ciência nem a receber dela.
CIÊNCIA MODERNA – nasce vinculada à ideia de intervir na natureza, de conhecê-la para controlá-la e dominá-la. Torna-se inseparável da tecnologia.
- Mudanças científicas: 1º se refere à passagem do racionalismo e empirismo ao construtivismo; 2º refere-se a passagem da ciência antiga teorética, qualitativa – a ciência moderna tecnológica, quantitativa.

Idade Moderna (1453 – queda de Constantinopla/1789 – Revolução Francesa), período histórico que vai de meados do século XV ao século XVIII. Dentre os principais acontecimentos da Idade Moderna pode-se citar: As Grandes Navegações; O Renascimento; A Reforma Religiosa; O Absolutismo; O Iluminismo; Início da Revolução Francesa. A partir do século XV, diversos acontecimentos sociais, políticos, econômicos e culturais levaram a transformação da sociedade européia, entre eles:

a) A passagem do feudalismo para o capitalismo: que se vinculou ao florescimento do comércio.

b) A formação dos Estados Nacionais: que fez surgir novas concepções político-econômicas.

 c) O movimento da Reforma: que provocou a quebra da unidade religiosa européia e rompeu com a concepção passiva do ser humano.

d) O desenvolvimento da ciência natural: que criou novos métodos científicos de investigação. Impulsionados pela confiança na razão humana.

e) A invenção da imprensa: que possibilitou a impressão dos textos gregos e romanos, contribuindo para a formação do humanismo.

- Todos esses acontecimentos modificaram, em muitas regiões, o modo de ser, viver e perceber a realidade. Nas artes, nas ciências e na filosofia surgiram novas ideias, concepções e valores. Um exemplo dessas mudanças foi o desabrochar de uma tendência social antropocêntrica (que tem o ser humano como centro), em lugar da supervalorização da fé cristã e da visão teocêntrica (que tem Deus como centro) da realidade. Isso levou ao desenvolvimento do Racionalismo e de uma filosofia laica (não religiosa), que de modo geral revelou a capacidade da razão de intervir no mundo, organizar a sociedade e aperfeiçoar a vida humana. Uma característica importante do pensamento moderno é o racionalismo, ou seja, só a razão é capaz de conhecer. Uma das expressões mais claras desse racionalismo é o interesse pelo método. O problema esta voltado para se nós podemos eventualmente conhecer qualquer coisa.

Humanismo – movimento intelectual, artístico e filosófico que assinala a transição da Idade Média (começo do século V até meados do século XV) para o Renascimento (séculos XV e XVI), marcada pela ascensão do mercantilismo e dos ideais burgueses. Termo que indica a área cultural que cobria os estudos clássicos, em oposição à área que abrangia as disciplinas científicas.
Renascimento – período histórico oposto ao medieval; representa a síntese de um novo espírito intelectual que surgiu na Itália, rompendo com o medievalismo e iniciando a época moderna da humanidade. Foi uma volta deliberada, que propunha a ressurreição consciente do passado, considerando nesse momento como fonte de inspiração e modelo de civilização. Esse ideal pode ser entendido como a valorização do homem e da natureza, em oposição ao divino e ao sobrenatural.

- Humanismo e Renascimento são as duas faces de um único fenômeno, que marcaram o início dos tempos modernos. Nesse período, as ciências deram um grande salto.

- Copérnico (1473-1543) escreveu o Tratado das revoluções dos corpos celestes, afirmando que a Terra gira em torno do Sol;

- Galileu (1564-1642) descobriu as leis matemáticas que explicam a queda dos corpos. Surge também, a anatomia, as três leis do movimento do planeta e a imprensa.

O pensamento moderno surge propiciando mudanças nas ciências e na visão do mundo. Logo se desenvolvem três ideias centrais:

a) A teologia se separa da Filosofia, sendo esta autônoma;

b) A matemática passa a ser a escola da razão por excelência;

c) A idéia do método experimental e da objetividade dos fatos naturais.

 - A ciência moderna não busca apenas conhecer a realidade e a gênese das coisas, mas, sobretudo, exercer influência e domínio sobre ela. Novos valores foram se desenvolvendo juntamente com a nova ciência. Nos tempos modernos, a ciência é altamente considerada. Aparentemente há uma crença amplamente aceita de que há algo de especial a respeito da ciência e seus métodos. A atribuição do termo científico é feito de um modo que pretende implicar algum tipo de mérito ou um tipo de confiabilidade. A ciência moderna tornou-se a religião moderna, a partir das promessas de melhor qualidade de vida e de felicidades contidas no trabalho científico.

 PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DA CIÊNCIA MODERNA
- Uma das explicações mais plausíveis sobre as mudanças ocorridas refere-se a classe comerciante, constituída pelos burgueses, que se impôs ao ócio da aristocracia através da valorização do trabalho;
- Galileu Galilei (1564-1642), criador do método científico, é o responsável pela moderna concepção de ciência;
- Supremacia do racionalismo, que recusa o critério da autoridade e da revelação predominante na Idade Média;
- Secularização ou laicização do pensamento, isto é, o desligamento das justificativas baseadas na religião, para só aceitar as verdades resultantes da investigação racional mediante a argumentação.

→ FILÓSOFOS DA CIÊNCIA MODERNA

 I. FRANCIS BACON (1561-1626)

Bacon realizou uma obra científica de inegável valor. É considerado um dos fundadores do método indutivo de investigação científica. Atribui-se a ele, também, a criação do lema “saber é poder”, que revela sua firme disposição de fazer dos conhecimentos científicos um instrumento prático de controle da realidade. Preocupado com a utilização dos conhecimentos científicos na vida prática, Bacon manifestava grande entusiasmo pelas conquistas técnicas que se difundiam em seu tempo: a bússola, a pólvora e a imprensa. Para Bacon, a ciência deveria valorizar a pesquisa experimental, tendo em vista proporcionar resultados objetivos para o ser humano. A grande contribuição de Bacon para a história da ciência moderna foi apresentar o conhecimento científico como resultado de um método de investigação capaz de conciliar aobservação dos fenômenos, a elaboração racional das hipóteses e a experimentação controlada para comprovar as conclusões.

 II. RENÉ DESCARTES (1596-1650)

Descartes foi extremamente importante para a filosofia moderna. Ele pregava a ideia de que somente atingimos a verdade por meio da dúvida. Em outras palavras, deveríamos colocar todo o nosso conhecimento em dúvida, pois, consequentemente, ao tomarmos essa atitude, começaríamos a questionar absolutamente tudo, o que propiciaria uma análise de todos os fatos e conhecimentos que supostamente temos. O método de Descartes era o da dúvida, também chamado de método cartesiano. Para ele, só se pode dizer que existe aquilo que pode ser provado. Ele concluiu que apenas o pensamento era uma certeza, pois realmente existia, sendo, portanto, a base de tudo. Descartes atribuía o pensamento à existência; daí, a famosa frase: “Penso, logo existo”. Atribuía uma grande importância à matemática, como ciência que possibilita o entendimento da realidade. Foi um grande matemático e é considerado o fundador da geometria analítica. Para Descartes, a matemática é uma ciência legitima, e por meio dela pode-se encontrar a precisão e a certeza, necessários para o avanço das ciências aplicadas. Sua principal obra é o Discurso do Método publicado em 1637.

- foi na obra “Discurso do Método” que René Descartes (1596-1650) lançou de fato, os fundamentos do método científico moderno. Embora Descartes tenha concordado com Bacon no sentido de que a natureza deve ser entendida e modificada em favor do homem, ele discordava no sentido de que para ele os sentidos devem ser questionados e não constituem o caminho para o conhecimento verdadeiro. Segundo Descartes a única coisa da qual não se pode duvidar é o pensamento (o que o leva à máxima “cogito ergo sum” – “penso, logo existo”) que é fruto da razão, a única da qual se pode ter certeza. O método cartesiano foi o que possibilitou o desenvolvimento tecnológico e científico.

- No "Princípios da Filosofia" (1644), Descartes classifica as ciências quanto à sabedoria ou grau de clareza e nitidez de ideias que é possível atingir em cada uma. A ciência, ele diz, pode ser comparada a uma árvore; a metafísica é a raiz, a física é o tronco, e os três principais ramos são a mecânica, a medicina, e a moral, estes formando as três aplicações do nosso conhecimento, que são, o mundo externo, o corpo humano, e a conduta da vida. Mas os conhecimentos científicos não bastam a si mesmos: o tronco da física sustenta-se em raízes metafísicas. É o Bom Deus quem garante o conhecimento científico, porque garante as ideias claras. A física cartesiana resulta, assim, de deduções racionais abstratas: Deus existe e serve de apoio para retirar do domínio da dúvida o conhecimento que é claro e evidente. O mundo físico está de antemão provado por uma ideia inata, a de extensão, que é a essência da corporeidade. Deus garante que ideias claras da realidade têm correspondência na realidade, Deus torna os objetos inteligíveis e os sujeitos capazes de intelecção, mas há que vencer a imperfeição do homem, cujas impressões sensíveis vem de fora e são deformadas.

 III. JOHN LOCKE (1632-1704)

Locke é considerado um filósofo de grande relevância no campo do liberalismo político. Em sua obra Ensaio acerca do entendimento humano, Locke combateu a doutrina cartesiana segundo a qual o ser humano possui ideias inatas. Ao contrário de Descartes, defendeu que “a mente humana, no instante do nascimento, é uma tabula rasa”. Ao nascer, nossa mente seria como um papel em branco, sem nenhuma ideia previamente escrita. Locke retomava, assim, a tese empirista segundo a qual nada existe em nossa mente que não tenha sua origem nos sentidos. Defendia que as ideias que possuímos são adquiridas ao longo da vida mediante a experiência sensível imediata e seu processamento interno. Desse modo, o conhecimento seria constituído basicamente por sensação e reflexão. Em razão de suas ideais políticas, é considerado o “pai do Iluminismo”.

 IV. GASTON BACHELARD

- Bachelard (1991) propõe um “pluralismo filosófico” para caracterizar a filosofia das ciências, pois entende que só é possível abordar “experiência e teoria”, em seus variados níveis de maturidade, por meio de uma filosofia que acompanhe essa multiplicidade. O autor define a filosofia das ciências como uma filosofia “dispersa” e “distributiva”. Assim, “[...] o pensamento científico surgir-nos-á como um método de dispersão bem ordenado, como um método de análise aprofundada, para os diversos filosofemas massivamente agrupados nos sistemas filosóficos...” A análise do pensamento científico mediante de uma filosofia dispersa vai ao encontro da própria constituição científica, que, de maneira alguma, forma-se a partir de um conglomerado ordenado. É por isso que Bachelard (1991) diz que os “[...] diferentes problemas do pensamento científico deveriam, pois, receber diferentes coeficientes filosóficos” (Bachelard, 1991, p.14-15).
V. KARL POPPER

- “A ciência é uma parte da busca da verdade”;

- Seguidor da perspectiva crítica ou transcendental – que parte do pressuposto de que o conhecimento não tem a capacidade de apreender a substância da realidade, mas apenas sua aparência. Criou o critério do principio da refutabilidade para afirmar se um conhecimento pode ser considerado como científico ou não.

- Popper é o autor da definição atualmente mais aceita de teoria científica: "Uma teoria científica é um modelo matemático que descreve e codifica as observações que fazemos. Assim, uma boa teoria deverá descrever uma vasta série de fenômenos com base em alguns postulados simples como também deverá ser capaz de fazer previsões claras as quais poderão ser testadas."

- A possibilidade de uma teoria ser refutada constituía para o filósofo a própria essência da natureza científica. Assim, uma teoria só pode ser considerada científica quando é falseável, ou seja, quando é possível prová-la falsa. Esse conceito ficou conhecido como falseabilidade ou refutabilidade. Segundo Popper, o que não é falseável ou refutável não pode ser considerado científico.

- Para Popper, a ciência se desenvolve a partir de revoluções constantes, renovando-se permanentemente. O critério de falseabilidade está associado à ideia de movimentação e rupturas de paradigmas científicos, ao contrário do verificacionismo, que tem como princípio básico a ideia de verdade, portanto algo que se estabiliza em determinado momento; o falseacionismo ou falibilismo não pressupõe uma verdade primeira, mas um enunciado seguido de uma contraprova ou de sua “falseação”. A ideia é a de que a ciência ou o conhecimento científico se desenvolve a partir da busca e da tentativa de encontrar lacunas para falsear uma teoria. Nesse caso, os cientistas desenvolveriam teorias (métodos) cada vez mais consistentes e flexíveis, pois contariam com o princípio da incerteza e das mudanças de paradigmas. Tais mudanças seriam constantes.

VI. THOMAS KUHN

- Para Kuhn, a ciência é um tipo de atividade altamente determinada que consiste em resolver problemas (como um quebra-cabeça) dentro de uma unidade metodológica chamada paradigma.

- Foi ele que estabeleceu o padrão de racionalidade aceito em uma comunidade científica sendo, portanto, o princípio fundante de uma ciência para a qual são treinados os cientistas.

- Kuhn afirma que a ciência se desenvolve a partir de revoluções científicas que ocorrem em intervalos específicos (geralmente grandes) de tempo. Para Kuhn, a ciência segue um certo tipo de dogmatismo nesses intervalos, pois se comportará e se desenvolverá de acordo com o paradigma vigente. Esse paradigma engloba um conjunto de valores, teorias e métodos que irão influenciar e servir de “modelo” para uma ou várias comunidades científicas.

MÉTODO EXPERIMENTAL

- O método experimental é o conjunto de procedimentos científicos que incorporam sistematicamente a experimentação como forma de estabelecer a verdade/falsidade de uma certa hipótese científica. A padronização dos testes experimentais possibilita a sua repetição em quaisquer situações análogas e permite uma confirmação independente dos resultados pela comunidade científica, o que não acontece com os enunciados não científicos e pseudocientíficos. Dada a importância da exatidão dos dados a utilizar, o método experimental exige um aparato técnico progressivamente mais sofisticado, com o qual se ampliam as limitadas capacidades naturais de percepção humana. Embora exista uma concepção largamente difundida do método experimental segundo a qual este consiste na sequência: enunciado, hipóteses, testes e conclusão (Observação hipótese experimentação lei ou reformulação da hipótese). O método experimental orienta-se para a realização de observações e para a escolha de dados em ordem à comprovação de uma relação casual entre dois fatores.

CIÊNCIAS HUMANAS

- Toda e qualquer ciência é humana, porque resulta da atividade humana de conhecimento. A expressão “ciências humanas”, no entanto, refere-se àquelas ciências que tem o próprio ser humano como objeto. Seu objeto científico é o homem, ideia surgida no século XIX. As disciplinas conhecidas como ciências humanas procuram estudar seu objeto empregando conceitos, métodos e técnicas propostos pelas ciências da natureza. Tratam o objeto humano usando modelos hipotético-indutivos e experimentais de estilo empirista. A constituição das ciências humanas como ciências especificas consolidou-se a partir das contribuições de três correntes de pensamento: a fenomenologia, o estruturalismo e o marxismo.

a) Fenomenologia: é uma descrição daquilo que aparece ou ciência que tem como objetivo ou projeto essa descrição. Está relacionada diretamente ao conceito de fenômeno o qual pode ser definido como “aquilo que aparece ou se manifesta”. É uma ciência de essências, possibilitada apenas pela redução eidética.

b) Estruturalismo: entende-se por este termo todo método ou processo de pesquisa que, em qualquer campo, faça uso do conceito de Estrutura em um dos sentidos esclarecidos.

c) Marxismo: é o conjunto de ideias filosóficas, econômicas, políticas e sociais elaboradas primariamente por Karl Marx e Friedrich Engelse desenvolvidas mais tarde por outros seguidores. Baseado na concepção materialista e dialética da História, interpreta a vida social conforme a dinâmica da base produtiva das sociedades e das lutas de classes daí consequentes. O marxismo compreende o homem como um ser social histórico e que possui a capacidade de trabalhar e desenvolver a produtividade do trabalho, o que diferencia os homens dos outros animais e possibilita o progresso de sua emancipação da escassez da natureza, o que proporciona o desenvolvimento das potencialidades humanas.

- O campo de estudo/de investigação das ciências humanas é: a psicologia, a sociologia, a economia, a antropologia, a história, a lingüística e a psicanálise.

 

TENDÊNCIA NATURALISTA E HUMANISTA

- Naturalismo - Tendência das artes plásticas, da literatura e do teatro surgida na França na segunda metade do século XIX. Baseia-se na filosofia de que só as leis da natureza são válidas para explicar o mundo e de que o homem está sujeito a um inevitável condicionamento biológico e social. Doutrina segundo a qual nada existe fora da natureza e Deus é apenas o princípio de movimento das coisas naturais.

- Humanismo – é o movimento literário e filosófico que nasceu na Itália na segunda metade do séc. XIV, difundindo-se para os demais países da Europa e constituindo a origem da cultura moderna. É o movimento filosófico que tome como fundamento a natureza humana ou os limites e interesses do homem. O humanismo é toda filosofia que tome o homem como “medida das coisas”, segundo antigas palavras de Protágoras. É qualquer tendência filosófica que leve em consideração as possibilidades e, portanto, as limitações do homem, e que, com base nisso, redimensione os problemas filosóficos.

 EMPIRISMO E ILUMINISMO

- Empirismo – para o Empirismo, o fundamento e a fonte de todo e qualquer conhecimento é a experiência sensível, que é responsável pela existência das ideias na razão e controla o trabalho da própria razão, pois o valor e o sentido da atividade racional dependem do que é determinado pela experiência sensível. Para os empiristas, o modelo do conhecimento verdadeiro é dado pelas ciências naturais ou ciências experimentais, como a física e a química. Representantes: John Locke, Isaac Newton, Thomas Hobbes, George Berkeley, David Hume.

- Iluminismo – linha filosófica caracterizada pelo empenho em estender a razão crítica e guia a todos os campos da experiência humana. O iluminismo não é somente uso crítico da razão; é também o compromisso de utilizar a razão e os resultados que ela pode obter nos vários campos de pesquisa para melhorar a vida individual e social do homem. O iluminismo foi um movimento de ideias, no sentido forte de um processo de constituição e acumulação de saber sempre renovado e sempre capaz de ser modificado até nos fundamentos. Foi um movimento de ideias que repudiava qualquer sistema rígido e acabado de pensamento. Esse período é chamado também de momento das luzes, e o século XVII, século das luzes, pois considera-se que o ser humano “se iluminou”, se descobriu mais verdadeiramente como detentor e produtor de conhecimentos. Representantes: Montesquieu, Jean-Jacques Rousseau, Voltaire, Diderot, Adam Smith, Immanuel Kant.

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ABBAGNANO, Nicola. Dicionário de Filosofia. 4º Ed. São Paulo: Martins Fontes, 2000.

BARAQUIN, Noëlla. LAFFITTE, Jacqueline. Dicionário universitário dos filósofos. São Paulo: Martins Fontes, 2007.

CHAUÍ, Marilena. Iniciação à Filosofia. São Paulo: Ática, 2010. Ensino médio, volume único.

______. Filosofia. São Paulo: Ática, 2004. Série Novo Ensino Médio, volume único.

COTRIM, Gilberto. FERNANDES, Mirna. Fundamentos de filosofia. 1º Ed. São Paulo: Saraiva, 2010.

DESCARTES, René. Discurso do método. São Paulo: Martin Claret, 2006.

HARWOOD, Jeremy. Filosofia: um guia com as idéias de 100 grandes pensadores. São Paulo: Planeta, 2013.

MAQUIAVEL, Nicolau. O Príncipe. São Paulo: Martin Claret, 2007.

VASCONCELOS, Ana. Manual compacto de Filosofia. 2º Ed. São Paulo: Rideel, 2011.

 

Surgimento da Ciência


 
“A ÚNICA COISA DE QUE PRECISAMOS PARA NOS TORNARMOS BONS FILÓSOFOS É A CAPACIDADE DE NOS ADMIRARMOS COM AS COISAS.” (Jostein Gaarder)
 

I. CIÊNCIA

Nos séculos VII e VI a.C. surge a filosofia na Grécia nas colônias gregas e do Magma Grécia, essa filosofia fica conhecida como pré-socrática. Ciência Antiga o que se chama de filosofia é um conhecimento abstrato sobre as coisas, que se percebia somente com observação a olho nu, como os filósofos antigos que somente com a observação e a razão tentaram descobrir qual era o elemento fundamental das coisas ou arché. São os gregos pré-socráticos que transformam o conhecimento empírico em ciência, inicialmente essas reflexões são realizadas por: Tales de Mileto; Pitágoras de Samos; Hipócrates; Platão; Aristóteles; Euclides.

A Grécia Antiga testemunhou, no entanto, o surgimento de uma perspectiva cognitiva nova: a busca do conhecimento pelo próprio conhecimento, por mera curiosidade intelectual. Aqueles que cultivavam essa busca do saber pelo saber foram chamados filósofos, “os que amam ou buscam a sabedoria”.

Os filósofos gregos foram os primeiros que passaram a explicar a natureza e os fenômenos que nela ocorrem através da razão. Essa passagem do pensamento mítico e fantasioso para o pensamento racional foi dando à Filosofia uma certa base científica. A partir da Filosofia surge a Ciência, pois o Homem reorganiza as inquietações que assolam o campo das ideias e utiliza-se de experimentos para interagir com a sua própria realidade. Assim a partir da inquietação, o homem através de instrumentos e procedimentos equaciona o campo das hipóteses e exercita a razão. São organizados os padrões de pensamentos que formulam as diversas teorias agregadas ao conhecimento humano. Contudo o conhecimento científico por sua própria natureza torna-se suscetível às descobertas de novas ferramentas ou instrumentos que aprimoraram o campo da sua observação e manipulação, o que em última análise, implica tanto na ampliação, quanto no questionamento de tais conhecimentos. Neste contexto a filosofia surge como "a mãe de todas as ciências".
A ciência antiga possui estreita ligação com a filosofia e é extremamente teorética; a técnica era um saber empírico, ligado às práticas necessárias à vida e nada tinha a oferecer a ciência.

O pensamento científico surgiu na Grécia Antiga aproximadamente no século VI a.C. com os pensadores pré-socráticos que foram chamados de "Filósofos da Natureza" e também "Pré-cientistas". Foi um período onde a sociedade ocidental, saiu de uma forma de pensamento baseada em mitos e dogmas, para entrar no pensamento científico baseado no ceticismo.

Para a ciência, uma teoria é uma ideia, mas se observarmos fatos que comprovem a falsidade da ideia, o cientista tem a obrigação de destruir ou modificar a teoria. Foi na época de Sócrates e seus contemporâneos que o pensamento científico se consolidou, principalmente com o surgimento do conceito de "prova científica", ou repetição do fato observado na natureza. Quando esse processo de modificação no pensamento grego terminou, aproximadamente noventa por cento dos gregos haviam se tornado ateus. Tanto as religiões como a ciência tentam descrever a natureza e dar uma explicação para a origem do universo. A diferença está na forma de pensar de um cientista. O cientista não aceita descrever o natural com o sobrenatural. Para o cientista é necessário provas observadas e o que se observa sempre destrói as ideias. Para um cientista, a ciência é uma só, pois a natureza é apenas uma. Sendo assim, as ideias da física devem complementar as ideias da química, da paleontologia, geografia e assim por diante. Embora a ciência seja dividida em áreas, para facilitar o estudo, ela ainda continua sendo apenas uma.
 
a) O QUE É CIÊNCIA?
O termo ciência vem do latim scientia, que significa “conhecimento”. É o campo da atividade humana que se dedica à construção de um conhecimento sistemático e seguro a respeito dos fenômenos do mundo. A palavra conhecimento pode ser usada em um sentido geral e em um sentido estrito, que é o conhecimento sólido e bem fundamentado. Trata-se do que os gregos chamavam de episteme, o tipo de conhecimento que interessa à ciência. Por isso, a investigação sobre o conhecimento obtido pela ciência é conhecida como epistemologia.

Segundo o filósofo Gaston Bachelard, a ciência é um conjunto de saberes cuja compreensão histórica não se faz de traz para frente. Isso significa que não se entende a ciência investigando as origens de forma linear.

“A ciência não corresponde a um mundo a descrever. Ela corresponde a um mundo a construir.” (BACHELARD, G.)
 
b) OBJETIVO DA CIÊNCIA

O objetivo da ciência é tornar o mundo compreensível, proporcionando ao ser humano meios para prever situações e exercer controle sobre a natureza.
- Jacob Bronowski, afirma que, pelo conhecimento científico o “homem domina a natureza não pela força, mas pela compreensão”.

c) MÉTODO CIENTÍFICO

O Conhecimento científico é alcançado por meio do método científico. Método em sua raiz etimológica advém dos seguintes termos gregos: meta (através); hodos (caminho).

- O Método científico envolve núcleo de procedimentos, que orienta o modo de conduzir uma investigação científica.

- O método científico tem por base, de modo geral, uma estrutura lógica que engloba diversas etapas, as quais devem ser percorridas na busca de solução para o problema proposto. Etapas do método científico:
 

d) CONCEPÇÕES DE CIÊNCIA
Três tem sido as principais concepções de ciência ou de ideais de cientificidade: a racionalista, cujo modelo de objetividade é a matemática; a empirista, que toma o modelo de objetividade da medicina grega e da história natural do século XVII; e a construtivista, cujo modelo de objetividade advém da ideia de razão como conhecimento aproximativo.

- Concepção racionalista – afirma que a ciência é um conhecimento racional dedutivo e demonstrativo como a matemática, portanto, capaz de provar a verdade necessária e universal de seus enunciados e resultados, sem deixar nenhuma dúvida.

- Concepção empirista – afirma que a ciência é uma interpretação dos fatos baseada em observações e experimentos que permitem estabelecer induções e que, ao serem completadas, oferecem a definição do objeto, suas propriedades e suas leis de funcionamento.

- Concepção construtivista – considera a ciência uma construção de modelos explicativos para a realidade e não uma representação da própria realidade.
 
Racionalistas → dos gregos até o final do século XVII – A ciência é um conhecimento racional dedutivo e demonstrativo como a matemática.
Empiristas → Aristóteles até o final do século XIX – A ciência é uma interpretação dos fatos baseados nas observações e experimentos.
Construtivista → Iniciada no século passado – Tem a ciência como uma construção de modelos explicativos para a realidade e não um modelo para a própria realidade.

 II. SENSO COMUM
O senso comum é o saber do cidadão que vive normalmente sua vida. É caracterizado por um apego a imagens, sensações e por um desinteresse na busca de explicações e justificativas. A ciência é uma ruptura, crítica ao senso comum. Senso comum é uma forma de pensamento que se recusa aceitar a contestação criteriosa, a crítica com argumentos e demonstrações. O senso comum é bastante afeito ao um tipo bem rudimentar de experimentação: o contato físico com os objetos e as realidades.
- O Empirismo é a filosofia que convém ao conhecimento comum.
 
III. CONHECIMENTO CIENTÍFICO
O Conhecimento científico constitui um conhecimento contingente, pois suas preposições ou hipóteses têm a sua veracidade ou falsidade conhecida através da experimentação e não apenas pela razão, como ocorre no conhecimento filosófico. É sistemático, já que se trata de um saber ordenado logicamente, formando um sistema de idéias (teoria) e não conhecimentos dispersos e desconexos. Possui a característica da verificabilidade, a tal ponto que as afirmações (hipóteses) que não podem ser comprovadas não pertencem ao âmbito da ciência. Constitui-se em conhecimento falível, em virtude de não ser definitivo e, por este motivo, é aproximadamente exato: novas proposições e o desenvolvimento de técnicas podem reformular o acervo de teoria existente.
- O conhecimento é fluente.
- O racionalismo é a filosofia que convém ao conhecimento científico.
 
IV. POLÍTICA
O termo política vem do grego politeía (que, por sua vez, deriva de polis, “cidade-estado”) e designa, desde a antiguidade, o campo da atividade humana que se refere a cidade, ao Estado, à administração pública e ao conjunto dos cidadãos. Refere-se, portanto, a uma área específica das relações existentes entre os indivíduos de uma sociedade.  
V. FILOSOFIA
- A filosofia originou-se de nossa necessidade de entender o mundo em que vivemos. Por volta do século VI a.C., nas colônias gregas da Ásia Menor, na cidade de Mileto (Grécia Antiga). E o primeiro filósofo foi Tales de Mileto. Seu conteúdo preciso ao nascer é uma cosmologia (estudo do universo) – principal objeto de estudo dos gregos na Grécia Antiga. Assim, a filosofia nasce como um conhecimento racional da ordem do mundo ou da natureza.
- Atribui-se ao filósofo grego Pitágoras de Samos a invenção da palavra FILOSOFIA. Pitágoras teria afirmado que a sabedoria plena e completa pertence aos deuses, mas que os homens podem desejá-la ou amá-la, tornando-se filósofos.
- A palavra filosofia (Φιλοσοφία) é uma composição de duas palavras gregas: philos (φίλος) e sophia (σοφία). Philos deriva-se de philia, que significa amizade, amor fraterno, respeito entre os iguais. Sophia quer dizer sabedoria e dela vem a palavra sophos, sábio. Filosofia significa, portanto, amor a sabedoria, amizade pela sabedoria, respeito pelo saber. Filósofo: o que ama a sabedoria, tem amizade pelo saber, deseja saber. Pitágoras afirmava que a sabedoria plena pertence aos deuses, mas que os homens podem desejá-la ou amá-la, tornando-se filósofos.

 
a) DIFERENÇA ENTRE O CIENTISTA E O FILÓSOFO
O cientista é um observador, estuda as coisas que existem no universo. O filósofo é um indagador, parte das interrogações, investiga o porquê das coisas estarem no universo e serem o que são. Segundo Bertrand Russell, a filosofia busca alcançar uma visão global, harmônica e crítica do conhecimento; a ciência, no entanto, interessa-se mais em resolver problemas específicos, delimitados.  

b) EPISTEMOLOGIA (FILOSOFIA DA CIÊNCIA)
A epistemologia ou filosofia da ciência é o campo de reflexão sobre a ciência, uma reflexão crítica sobre os fundamentos do saber científico. A filosofia da ciência é o estudo da metodologia científica. Trata-se de investigar o que caracteriza a atividade científica, em quê a ciência se separa do senso comum e da filosofia e quais hipóteses justificam e explicam o conhecimento científico.
 
c) FILÓSOFOS DA CIÊNCIA

- Karl Popper (1902-1994): físico, matemático e filósofo da ciência, propunha uma única possibilidade para o saber científico, o critério da refutabilidade ou da falseabilidade. De acordo com este critério, uma teoria mantém-se como verdadeira até que seja refutada, isto é, até que seja demonstrada sua falsidade, suas brechas, seus limites. Para ele, não existe observação pura, pois todas as observações são sempre realizadas à luz de pressupostos e de teorias que o cientista traz consigo.

- Gaston Bachelard (1884-1962): destacou a importância do estudo da história da ciência como instrumento de análise da própria racionalidade. Nessa pesquisa, a atividade científica é entendida como parte de um processo histórico amplo e que possui um caráter social. Segundo ele, a ciência progride por rupturas epistemológicas quando supera obstáculos epistemológicos. Destacou o papel da imaginação e da criatividade como elementos imprescindíveis à prática cinetífica.

- Thomas Kuhn (1922-1996): desenvolveu sua teoria acerca da história da ciência entendendo-a não como um processo linear e evolutivo, mas como uma sucessão de paradigmas que se confrontam entre si.
 
VI. PODER
A palavra poder vem do latim potere, posse, “poder, ser capaz de”. Refere-se fundamentalmente à faculdade, capacidade, força ou recurso para produzir certos efeitos. Segundo Bertrand Russel (1872-1970), o poder é a capacidade de fazer que os demais realizem aquilo que queremos. A filosofia política investiga o poder do ser humano sobre outros seres humanos, isto é, o poder social.
- Existem três formas de poder: econômico, ideológico e o político.

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BARAQUIN, Noëlla. LAFFITTE, Jacqueline. Dicionário universitário dos filósofos. São Paulo: Martins Fontes, 2007.
CHAUÍ, Marilena. Iniciação à Filosofia. São Paulo: Ática, 2010. Ensino médio, volume único.
_____. Filosofia. São Paulo: Ática, 2004. Série Novo Ensino Médio, volume único.
COTRIM, Gilberto. FERNANDES, Mirna. Fundamentos de filosofia. 1º Ed. São Paulo: Saraiva, 2010.
DESCARTES, René. Discurso do método. São Paulo: Martin Claret, 2006.
HARWOOD, Jeremy. Filosofia: um guia com as idéias de 100 grandes pensadores. São Paulo: Planeta, 2013.
HUISMAN, Dnis. Dicionário de obras filosóficas. São Paulo: Martins Fontes, 2002.
Segundo o filósofo Gaston Bachelard, a ciência é um conjunto de saberes cuja compreensão histórica não se faz de traz para frente. Isso significa que não se entende a ciência investigando as origens de forma linear.

 

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quarta-feira, 22 de junho de 2016

APOSTILA FILOSOFIA - 2 ANO

Olá pessoal,

A apostila de filosofia do primeiro bimestre esta disponível no link abaixo:

http://www.4shared.com/file/x4VUJBttce/Apostila_Filosofia_2_ano_-_1B.html


Qualquer dúvida, entrem em contato.

APOSTILA SOCIOLOGIA - 3 ANO


Olá alunos das turmas 3001, 3002, 3004, 3005, 3006 e 3007, segue abaixo link para a apostila de  Sociologia: CULTURA, CONSUMO E COMUNICAÇÃO DE MASSA.

http://www.4shared.com/account/home.jsp#dir=Qkwy3XwC


Qualquer dúvida, entrem em contato.

Elciana

quarta-feira, 2 de março de 2016

A TEORIA DO CONHECIMENTO

A teoria do conhecimento tem por objetivo buscar a origem, a natureza, o valor e os limites do conhecimento, da faculdade de conhecer.

Às vezes o termo é usado ainda como sinônimo  de epistemologia, o que não é exato, pois a mesma é mais ampla, abrangendo todo tipo de conhecimento, enquanto que a epistemologia limita-se ao estudo sistemático do conhecimento científico, sendo por isso mesmo chamada de filosofia da ciência.
 
A necessidade de procurar explicar o mundo dando-lhe um sentido e descobrindo-lhe as leis ocultas é tão antiga como o próprio Homem, que tem recorrido para isso quer ao auxílio da magia, do mito e da religião, quer, mais recentemente, à contribuição da ciência e da tecnologia.
Mas é sobretudo nos últimos séculos da nossa História, que se tem dado a importância crescente aos domínios do conhecimento e da ciência. E se é certo que a preocupação com este tipo de questões remonta já à Grécia antiga, é porém a partir do séc. XVIII que a palavra ciência adquire um sentido mais preciso e mais próximo daquele que hoje lhe damos.
É também sobretudo a partir desta época que as implicações da atividade científica na nossa vida quotidiana se têm tornado tão evidentes, que não lhe podemos ficar indiferentes. O que é o conhecimento científico, como se adquire, o que temos implícito quando dizemos que conhecemos determinado assunto, em que consiste a prática científica, que relação existe entre o conhecimento científico e o mundo real, quais as consequências práticas e éticas das descobertas científicas, são alguns dos problemas com que nos deparamos frequentemente.
Diante desses questionamentos, este trabalho pretende fazer um apanhado geral acerca da Teoria do Conhecimento, suas correntes e representantes, de modo que se torne mais fácil a sua compreensão.
 

Conceito

A teoria do conhecimento, se interessa pela investigação da natureza, fontes e validade do conhecimento. Entre as questões principais que ela tenta responder estão as seguintes. O que é o conhecimento? Como nós o alcançamos? Podemos conseguir meios para defendê-lo contra o desafio cético?
Essas questões são, implicitamente, tão velhas quanto a filosofia. Mas, primordialmente na era moderna, a partir do século XVII em diante – como resultado do trabalho de Descartes (1596-1650) e Jonh Locke (1632-1704) em associação com a emergência da ciência moderna – é que ela tem ocupado um plano central na filosofia.
Basicamente é conceituada como o estudo de assuntos que outras ciências não conseguem responder e se divide em quatro partes, sendo que três delas possuem correntes que tentam explica-las: I – O conhecimento como problema, II – Origem do Conhecimento e III – Essência do Conhecimento e IV – Possibilidade do Conhecimento. 
Veja abaixo as principais correntes e seus representantes:

A) O Conhecimento Quanto à Origem

A polêmica racionalismo-empirismo tem sido uma das mais persistentes ao longo da história da filosofia, e encontra eco ainda hoje em diversas posições de epistemólogos ou filósofos da ciência. Abundam, ao longo da linha constituída nos seus extremos pelo racionalismo e pelo empirismo radicais, as posições intermédias, as tentativas de conciliação e de superação, como veremos a seguir.

• Empirismo

“O empirismo pode ser definido como a asserção de que todo conhecimento sintético é baseado na experiência.” (Bertrand Russell).
Conceitua-se empirismo, como a corrente de pensamento que sustenta que a experiência sensorial é a origem única ou fundamental do conhecimento.
Originário da Grécia Antiga, o empirismo foi reformulado através do tempo na Idade Média e Moderna, assumindo várias manifestações e atitudes, tornando-se notável as distinções e divergências existentes. Porém, é notório que existem características fundamentais, sem as quais se perde a essência do empirismo e a qual, todos os autores conservam, que é a tese de que todo e qualquer conhecimento sintético haure sua origem na experiência e só é válido quando verificado por fatos metodicamente observados, ou se reduz a verdades já fundadas no processo de pesquisa dos dados do real, embora, sua validade lógica possa transcender o plano dos fatos observados.
Como já foi dito anteriormente, existe no empirismo divergência de pensamentos, e é exatamente esse aspecto que abordaremos a seguir. São três, as linhas empíricas, sendo elas: a integral, a moderada e a científica.
O empirismo integral reduz todos os conhecimentos – inclusive os matemáticos – à fonte empírica, àquilo que é produto de contato direto e imediato com a experiência. Quando a redução é feita à mera experiência sensível, temos o sensismo (ou sensualismo). É o caso de John Stuart Mill, que na obra Sistema da Lógica diz que todos os conhecimentos científicos resultam de processos indutivos, não constituindo exceção as verdades matemáticas, que seriam resultado de generalizações a partir de dados da experiência. Ele apresenta a indução como único método científico e afirma que nela resolvem-se tanto o silogismo quanto os axiomas matemáticos.
O empirismo moderado, também denominado genético-psicológico, explica que a origem temporal dos conhecimentos parte da experiência, mas não reduz a ela a validez do conhecimento, o qual pode ser não-empiricamente valido (como nos casos dos juízos analíticos). Uma das obras baseadas nessa linha é a de John Locke (Ensaios sobre o Entendimento Humano), na qual ele explica que as sensações são ponto de partida de tudo aquilo que se conhece. Todas as idéias são elaborações de elementos que os sentidos recebem em contato com a realidade.
Como já foi dito, para os moderados há verdades universalmente validas, como as matemáticas, cuja validez não assenta na experiência, e sim no pensamento. Na doutrina de Locke, existe a admissão de uma esfera de validade lógica a priori e, portanto não empírica, no que concerne aos juízos matemáticos.
Por fim, há o empirismo científico, que admite como válido, o conhecimento oriundo da experiência ou verificado experimentalmente, atribuindo aos juízos analíticos significações de ordem formal enquadradas no domínio das fórmulas lógicas. Esta tendência está longe de alcançar a almejada “unanimidade cientifica”.

• Racionalismo

É a corrente que assevera o papel preponderante da razão no processo cognoscitivo, pois, os fatos não são fontes de todos os conhecimentos e não nos oferecem condições de “certeza”.
Um dos grandes representantes do racionalismo, Gottfried Leibniz, afirma em sua obra Novos Ensaios sobre o Entendimento Humano, que nem todas as verdades são verdades de fato; ao lado delas, existem as verdades de razão, que são aquelas inerentes ao próprio pensamento humano e dotadas de universalidade e certeza (como por exemplo, os princípios de identidade e de razão suficiente), enquanto as verdades de fato são contingentes e particulares, implicando sempre a possibilidade de correção, sendo válidas dentro de limites determinados.
Ainda retratando o pensamento racionalista, encontramos Reneé Descartes, adepto do inatismo, que afirma que somos todos possuidores, enquanto seres pensantes, de uma série de princípios evidentes, idéias natas, que servem de fundamento lógico a todos os elementos com que nos enriquecem a percepção e a representação, ou seja, para ele, o racionalismo se preocupa com a idéia fundante que a razão por si mesma logra atingir.
Esses dois pensadores podem ser classificados como representantes do racionalismo ontológico, que consiste em entender a realidade como racional, ou em racionalizar o real, de maneira que a explicação conceitual mais simples, se tenha em conta da mais simples e segura explicação da realidade.
Existe também uma outra linha racionalista, originada de Aristóteles, denominada intelectualismo, que reconhece a existência de “verdades de razão” e, além disso, atribui à inteligência função positiva no ato de conhecer, ou seja, a razão não contém em si mesma, verdades universais como idéias natas, mas as atinge à vista dos fatos particulares que o intelecto coordena. Concluindo: o intelecto extrai os conceitos ínsitos no real, operando sobre as imagens que o real oferece.
Hessen, um dos adeptos do intelectualismo, lembra que há nele uma concepção metafísica da realidade como condição de sua gnoseologia, que é conceber a realidade como algo de racional, contendo no particularismo contingente de seus elementos, as verdades universais que o intelecto “lê” e “extrai”, realizando-se uma adequação plena entre o entendimento e a realidade, no que esta tem de essencial.
Por fim, devemos citar uma ramificação do racionalismo que alguns autores consideram autônoma, que é o Criticismo.
O criticismo é o estudo metódico prévio do ato de conhecer e dos modos de conhecimento, ou seja, uma disposição metódica do espírito no sentido de situar, preliminarmente o problema do conhecimento em função da relação “sujeito-objeto”, indagando as suas condições e pressupostos. Ele aceita e recusa certas afirmações do empirismo e racionalismo, por isso, muitos autores acreditam em sua autonomia. Entretanto, devemos entender tal posição como uma análise crítica e profunda dos pressupostos do conhecimento.
Seu maior representante, Immanuel Kant, tem como marca a determinação a priori das condições lógicas das ciências. Ele declara que o conhecimento não pode prescindir da experiência, a qual fornece o material cognoscível e nesse ponto coincide com o empirismo. Porém, sustenta também que o conhecimento de base empírica não pode prescindir de elementos racionais, tanto que só adquire validade universal quando os dados sensoriais são ordenados pela razão. Segundo palavras do próprio autor, “os conceitos sem as intuições são vazios; as intuições sem os conceitos são cegas”.
Para ele, o conhecimento é sempre uma subordinação do real à medida do humano.
Conclui-se então, que pela ótica do criticismo, o conhecimento implica sempre numa contribuição positiva e construtora por parte do sujeito cognoscente em razão de algo que está no espírito, anteriormente à experiência do ponto de vista gnosiológico.

B) O Conhecimento Quanto à Essência

Nessa parte do estudo, analisaremos o ponto da Teoria do Conhecimento em que há mais divergências, sendo estas fundamentais pra o pleno conhecimento do assunto, que é o realismo e o idealismo.

• Realismo

Sabendo que a palavra realismo vem do latim res (coisa), podemos conceituar essa corrente como a orientação ou atitude espiritual que implica uma preeminência do objeto, dada a sua afirmação fundamental de que nós conhecemos coisas. Em outras palavras, é a independência ontológica da realidade, ou seja, o sujeito em função do objeto.
O realismo é subdividido em três espécies. O realismo ingênuo, o tradicional e o crítico.

O realismo ingênuo, também conhecido como pré-filosófico, é aquele em que o homem aceita a identidade de seu conhecimento com as coisas que sua mente menciona, sem formular qualquer questionamento a respeito de tal coisa. É a atitude do homem comum, que conhece as coisas e as concebem tais e quais aparecem.
Já o realismo tradicional é aquele em que há uma indagação a respeito dos fundamentos, há uma procura em demonstrar se as teses são verdadeiras, surgindo uma atitude propriamente filosófica, seguindo a linha aristotélica.
Por último, podemos citar o realismo cientifico, que é a linha do realismo que acentua a verificação de seus pressupostos concluindo pela funcionalidade sujeito-objeto e distinguindo as camadas conhecíveis do real como a participação – não apenas criadora –  do espírito no processo gnosiológico. Para os seguidores desse pensamento, conhecer é sempre conhecer algo posto fora de nós, mas que, se há conhecimento de algo, não nos é possível verificar se o objeto – que nossa subjetividade compreende – corresponde ou não ao objeto tal qual é em si mesmo.
Há portanto, no realismo, uma tese ou doutrina fundamental de que existe uma correlação ou uma adequação da inteligência a “algo” como objeto do conhecimento, de maneira que nós conhecemos quando a nossa sensibilidade e inteligência se conformam a algo de exterior a nós. De acordo com o modo de compreender-se essa “referibilidade a algo”, bifurca-se o realismo em tradicional e o crítico, que são as duas linhas pertinentes à filosofia.

• Idealismo

Surgiu na Grécia Antiga com Platão, denominado de idealismo transcendente, onde as idéias ou arquétipos ideais representam a realidade verdadeira, da qual seriam as realidades sensíveis, meras copias imperfeitas, sem validade em si mesmas, mas sim enquanto participam do ser essencial. O idealismo de Platão reduz o real ao ideal, resolvendo o ser em idéia, pois como ele já dizia, as idéias são o sol que ilumina e torna visíveis as coisas.
Alguns autores entendem que a doutrina platônica poderia ser vista como uma forma de realismo, pois para eles, o idealismo “verdadeiro” é aquele desenvolvido a partir de Descartes.
O que interessa à Teoria do Conhecimento, é o idealismo imanentista, que afirma que as coisas não existem por si mesmas, mas na medida e enquanto são representadas ou pensadas, de maneira que só se conhece aquilo que se insere no domínio de nosso espírito e não as coisas como tais, ou seja, há uma tendência a subordinar tudo à formas espirituais ou esquemas. No idealismo, que é a compreensão do real como idealidade (o que equivale dizer a realidade como espírito), o homem cria um objeto com os elementos de sua subjetividade, sem que algo preexista ao objeto (no sentindo gnosiológico).
Sintetizando, o idealismo é a doutrina ou corrente de pensamento que subordina ou reduz o conhecimento à representação ou ao processo do pensamento mesmo, por entender que a verdade das coisas está menos nelas do que em nós, em nossa consciência ou em nossa mente, no fato de serem “percebidas” ou “pensadas”.
Dentro dessa concepção existem duas orientações idealistas. Uma é a do idealismo psicológico ou conscienciológico, onde o que se conhece não são as coisas e sim a imagem delas. Podemos conceituá-lo como aquele em que a realidade é cognoscível se e enquanto se projeta no plano da consciência, revelando-se como momento ou conteúdo de nossa vida interior. Também chamado de idealismo subjetivo, este diz que o homem não conhece as coisas, e sim a representação que a nossa consciência forma em razão delas. Seus representantes são Hume, Locke e Berkeley.
A outra é a orientação idealista de natureza lógica, que parte da afirmação de que só conhecemos o que se converte em pensamento, ou é conteúdo de pensamento. Ou seja, o ser não é outra coisa senão idéia.
Seu maior representante, Hegel, diz em uma de suas obras que nós só conhecemos aquilo que elevamos ao plano do pensamento, de maneira que só há realidade como realidade espiritual.
Resumindo: na atitude psicológica, ser é ser percebido e na atitude lógica, ser é ser pensado.

C) Possibilidade do Conhecimento

Essa parte da teoria do conhecimento é responsável por solucionar a seguinte questão: qual a possibilidade do conhecimento?
Para que seja possível respondê-la, muitos autores recorrem a duas importantes posições: o dogmatismo e o ceticismo, os quais veremos abaixo.

• Dogmatismo

É a corrente que se julga em condições de afirmar a possibilidade de conhecer verdades universais quanto ao ser, à existência e à conduta, transcendendo o campo das puras relações fenomenais e sem limites impostos a priori à razão.
Existem duas espécies de dogmatismo: o total e o parcial.

O primeiro é aquele em que a afirmação da possibilidade de se alcançar a verdade ultima é feita tanto no plano da especulação, quanto no da vida pratica ou da Ética. Esse dogmatismo intransigente, quase não é adotado, devido à rigorosidade de adequação do pensamento. Porém, encontramos em Hegel a expressão máxima desse tipo de dogmatismo, pois, existe em suas obras uma identificação absoluta entre pensamento e realidade. Como o próprio autor diz “o pensamento, na medida em que é, é a coisa em si, e a coisa em si, na medida em que é, é o pensamento puro”.
Já o parcial, adotado em maior extensão, tem um sentido mais atenuado, na intenção de afirmar-se a possibilidade de se atingir o absoluto em dadas circunstâncias e modos quando não sob certo prisma. Ou seja, é a crença no poder da razão ou da intuição como instrumentos de acesso ao real em si.
Alguns dogmáticos parciais se julgam aptos para afirmar a verdade absoluta no plano da ação. Entretanto, outros somente admitem tais verdades no plano especulativo. Daí origina-se a distinção entre dogmatismo teórico e dogmatismo ético.
O dogmatismo ético tem como adeptos Hume e Kant, que duvidavam da possibilidade de atingir as verdades últimas enquanto sujeito pensante (homo theoreticus) e afirmavam as razões primordiais de agir, estabelecendo as bases de sua Ética ou de sua Moral.
Por conseguinte, temos como adepto do dogmatismo teórico, Blaise Pascal, que não duvidava de seus cálculos matemáticos e da exatidão das ciências enquanto ciências, mas era assaltado por duvidas no plano do agir ou da conduta humana.

• Ceticismo

Consiste numa atitude dubitativa ou uma provisoriedade constante, mesmo a respeito de opiniões emitidas no âmbito das relações empíricas. Essa atitude nunca é abandonada pelo ceticismo, mesmo quando são enunciados juízos sobre algo de maneira provisória, sujeitos a refutação à luz de sucessivos testes.
Ou seja, o ceticismo se distingue das outras correntes por causa de sua posição de reserva e de desconfiança em relação às coisas.
Há no ceticismo – assim como no dogmatismo – uma distinção entre absoluto e parcial, ressaltando que este último não será discutido nesse trabalho.
O ceticismo absoluto é oriundo da Grécia e também denominado pirronismo. Prega a necessidade da suspensão do juízo, dada a impossibilidade de qualquer conhecimento certo. Ele envolve tanto as verdades metafísicas (da realidade em si mesma), quanto as relativas ao fundo dos fenômenos. Segundo essa corrente, o homem não pode pretender nenhum conhecimento por não haver adequação possível entre o sujeito cognoscente e o objeto conhecido. Ou seja, para os céticos absolutos, não há outra solução para o homem senão a atitude de não formular problemas, dada a equivalência fatal de todas as respostas.
Um dos representantes do ceticismo de maior destaque na filosofia moderna é Augusto Comte.

Resumo dos principais problemas da Teoria do Conhecimento

  • A questão do conhecimento: Para compreender a si mesmo e o mundo os homens querem entender a sua própria capacidade de entender.
  • Sujeito e objeto: Os dois elementos do processo de conhecimento – Conhecer é representar cuidadosamente o que é exterior à mente. Para que exista conhecimento, sempre será necessária a relação entre dois elementos básicos: Um sujeito conhecedor (nossa consciência, nossa mente) e um objeto conhecido (a realidade, o mundo, os inúmeros fenômenos).
  • As possibilidades do conhecimento: O ceticismo prega a impossibilidade de conhecermos a verdade. O dogmatismo defende a possibilidade de conhecermos a verdade.
  • Ceticismo absoluto: Tudo é ilusório e passageiro. Consiste em negar de forma total nossa possibilidade de conhecer a verdade. Assim, o homem nada pode afirmar, pois nada pode conhecer. Ao dizer que nada é verdadeiro, o ceticismo absoluto anula a si próprio, pois diz que nada é verdadeiro, mas acaba afirmando que pelo menos existe algo de verdadeiro.
  • O ceticismo relativo: Nega apenas parcialmente nossa capacidade de conhecer a verdade.
  • Dogmatismo: É uma doutrina que defende a possibilidade de conhecermos a verdade. Dogmatismo ingênuo: Consiste em acreditar plenamente nas possibilidades do nosso conhecimento.
  • Dogmatismo crítico: Acredita em nossa capacidade de conhecer a verdade mediante um esforço conjugado de nossos sentidos e nossa inteligência.
  • Empirismo: Defende que todas  as nossas  idéias são provenientes de nossas percepções sensoriais (visão, audição, tato, olfato e paladar).
  • Racionalismo crítico e materialismo dialético: A experiência e o trabalho da razão depositam total e exclusiva confiança na razão humana como instrumento capaz de conhecer a verdade.
Se há conhecimento humano, existe a verdade, porque esta nada mais é do que a adequação da inteligência com a coisa.  Com a experiência da verdade, há conseqüentemente  a existência da certeza, que é passar a inteligência à verdade conhecida. A inteligência humana tende a fixar-se na verdade conhecida. Metodologicamente, há primeiro o conhecimento, depois a verdade, e finalmente a certeza. Tal tomada de posição perante o primeiro problema da critica é chamado dogmatismo. Sendo defendida por filósofos realistas, como por exemplo: Aristóteles e Tomás de Aquino.
Se, ao contrário, se sustentar que a inteligência permanece, em tudo e sempre, sem nada afirmar e sem nada negar, sem admitir nenhuma verdade e nenhuma certeza, sendo a dúvida universal e permanente o resultado normal da inteligência humana, está se defendendo o ceticismo.
O problema crítico representa um passo além do dogmatismo e do ceticismo. Uma vez que admite-se a existência da verdade (valor do conhecimento), e da certeza, pergunta-se então: Onde estão as coisas: Só na inteligência? Só na matéria? No intelecto humano e na matéria? Ou só na razão? (como dizem os grandes filósofos – idealistas, racionalistas e realistas).
Para o idealismo o ente transcendental compõe-se somente de idéias. Para o materialismo, somente matéria. Para o realismo, idéias e matéria. Para o racionalismo, é razão. A crítica é a base necessária de todo o saber cientifico e filosófico, inclusive da própria ontologia.

Bibliografia
Reale, Miguel, Introdução à filosofia. 4. ed. São Paulo: Saraiva, 2002. p. 65-76;85-89; 119-123.